Síndrome de Pernas Inquietas (Restless Legs)
—> Etiologia – a síndrome das pernas inquietas decorre de uma disfunção subcortical (protuberancial, bulbar ou medular) na modulação da eferência motora. Desconhece-se qual o fator desencadeante: aferências sensitivas aberrantes ou incorreta perceção de aferências corretas a nível subcortical. Em mais de 1/3 dos casos esta patologia tem transmissão autossómica dominante.
—> Sintomatologia – o principal sintoma é a sensação desagradável que é percebida pelo indivíduo, sobretudo nas coxas, acentuando-se em repouso e à noite. Esta sensação é descrita como picada, comichão, tensão, facada, peso, calor, queimadura ou frio; esporadicamente pode estender-se até aos pés, e mais raramente envolver os membros superiores. Embora a massagem da zona afetada alivie o desconforto, apenas o movimento, e sobretudo a marcha, conseguem um alívio significativo. Como os sintomas se agravam à noite, a insónia é habitual. Durante o sono, a maioria dos doentes com pernas inquietas sofre também de movimentos periódicos do sono.
Foram reportadas várias associações com as pernas inquietas: défice de folatos ou ferro (com ou sem anemia), consumo excessivo de cafeína, flutuações da L-DOPA em doentes com DP, neuropatia e DPOC.
– Diagnóstico – o diagnóstico é clínico. O diagnóstico diferencial põe-se sobretudo com a acatisia, mas neste último caso, a necessidade de andar e a irrequietude não são desencadeadas com o intuito de aliviar o desconforto sentido. Além disso, a acatisia ocorre de igual forma ao longo do dia, e a necessidade de andar permanece mesmo quando o doente se encontra em ortostatismo ou quando anda em sentido.