Só aproximadamente 10% do oxalato existente na urina é proveniente da dieta. O restante é proveniente do metabolismo endógeno. A absorção do oxalato no tubo digestivo depende de vários fatores. Os mais importantes são a presença de cálcio no intestino e o ritmo da sua absorção para além da biodisponibilidade do oxalato nos vários alimentos que o contêm. Nem todo o oxalato presente num determinado alimento está livre para poder ser absorvido. A restrição de oxalato é importante em todas as formas idiopáticas de litíase, mas é na situação de hiperabsorção intestinal do oxalato que a sua restrição se torna mais importante. Nos casos de hipercalciúria de absorção, é igualmente importante controlar a ingestão de oxalato. A absorção exagerada de cálcio no tubo intestinal deixa livre grandes quantidades de oxalato por não haver cálcio para com ele fazer um quelato. Este oxalato livre será absorvido e responsável por aumentar a oxalúria para valores muitas vezes superiores a 60 mg nas 24 horas. Esta situação pode tornar-se ainda mais grave quando se implementam dietas pobres em cálcio sem ter em atenção a ingestão de oxalato, ou se iniciam terapêuticas orais com fosfatos capazes de quelarem o cálcio no intestino, deixando livre o oxalato. Em todos os doentes com hipercalciúria de absorção, deve ser reduzida a ingestão de oxalatos. Na prática verifica-se que, para se conseguirem resultados significativos, basta uma redução moderada, bem aceite pelo doente. Para se conseguir esta redução é necessário evitar todos os vegetais de folha verde escura como o ruibarbo, os espargos, o chá, o chocolate, o café descafeinado e as nozes, todos eles ricos em oxalato. Nos casos de hiperoxalúria entérica ou em doentes medicados com fosfatos quelantes do cálcio, as restrições devem ser mais sérias e devemos recorrer a tabelas que contenham a determinação dos oxalatos nos vários alimentos para se poderem excluir, no máximo do possível, da alimentação diária.
Muitas vezes encontramos estes doentes a fazerem suplementos vitamínicos. Não esquecer que a vitamina C é um substrato para a síntese do oxalato, e doses superiores a 4 g/dia devem ser evitadas pelo risco de aumentar a oxalúria. Já a vitamina B6 deve ser encorajada, uma vez que tem um efeito redutor sobre os níveis de oxalato na urina, pois ela diminui a formação de oxalato pelo fígado. Na alimentação dos nossos dias recorre-se muito a alimentos pré-preparados, sobretudo congelados.
Lembrar que muitos deles têm aditivos que poderão ter um papel muito importante no que respeita às modificações introduzidas na urina, pela presença de substâncias em quantidades suficientes com poderes inibidores e, pelo contrário, iniciadores da cristalização, para além de muitos deles poderem aumentar a oxalúria duma forma direta ou indireta, interferindo na absorção ou eliminação do cálcio, ou até no seu metabolismo.